UM DEUS PARA TODOS
Deus é um partidário religioso?
Ele escolhe alguns em detrimento de outros?
O Evangelho de Jesus é só para algumas pessoas?
Como eu posso saber se Deus não faz diferença entre pessoas e pessoas?
Um Deus Para Todos
Jesus resolveu se retirar para a região de Tiro e Sidom. Talvez quisesse dar um tempo para os comentários perturbadores dos fariseus. Talvez quisesse encontrar um pouco de paz das relações conflituosas e preconceituosas dos judeus. Mas também tinha algo muito importante para mostrar aos seus discípulos: um Deus que é para todos.
Tiro e Sidom eram regiões vizinhas à Judeia, ricas em tamareiras e habitadas pelos antigos fenícios, um povo que ficou conhecido por terem desenvolvido a arte da navegação. Eram comerciantes natos e habilidosos artesãos, principalmente na arte da fabricação de vidro, mas também na fabricação de púrpura, perfumes e cerâmicas. Por serem navegadores fundaram algumas cidades onde hoje é a Grécia, Itália e Espanha. As divindades respeitadas e adoradas pelos fenícios eram Baal e Astarote. Foram os fenícios que venderam a madeira para a construção do templo judaico no tempo do rei Salomão. Um dos grandes reis de Tiro – Hirão – era grande amigo do rei Davi, pai do rei Salomão. Pouquíssimas vezes houve desentendimento entre os israelitas e fenícios, pois haviam desenvolvido uma relação amistosa entre eles. (Enéas Tognini – Geografia da Terra Santa e das Terras Bíblicas)
Uma mulher daquela região, ao ver Jesus passando por sua cidade, seguiu-O e começou a gritar atrás Dele: “Senhor, Filho de Davi, tenha compaixão de mim! Minha filha está horrivelmente endemoniada.” (Mateus 15:22 NAA) O relato continua dizendo que Jesus não respondeu. Pareceu não lhe dar atenção.
Os discípulos ficaram incomodados com a cena, a qual estava chamando atenção e, como Jesus não parecia interessado em atender a mulher, pediram que a despedisse, assim findaria aquela situação desagradável.
Mas Jesus lhes respondeu: “Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.” (Mateus 15:24 NAA)
Os discípulos ficaram confusos: Então, por que Jesus não dava atenção a ela? Por que parecia ignorar aquela gritaria? Como deveriam interpretar aquilo?
O Coração
Jesus conhecia o coração daquela mulher, sabia o tamanho de sua fé e que ela não desistiria facilmente. Mas conhecia também seus discípulos e o preconceito que havia no coração deles, o qual precisava ser vencido. Eles necessitavam entender que para Deus todos são importantes e merecem a salvação, não importando o credo, a cultura, a cor, a posição social ou a graduação. Deus olha o coração e este não vem vestido com roupas caras, não vem com raça ou posição, e nem com a etiqueta de uma denominação religiosa. O coração – é para ele que o Pai olha.
E lá dentro há pecados a vencer, feridas a curar, necessidades a suprir, amor para receber, dificuldades a vencer, paradigmas a quebrar, compreensões a alcançar, maturidade a desenvolver.
Viu só?
Um coração não vem com etiquetas. Ele é um órgão frágil que necessita de cuidados, não importando a quem pertença: se a um rei ou a um mendigo.
Cada um carrega a sua bagagem. As necessidades são as mesmas para todos os indivíduos quer ele veja assim ou não.
E os discípulos de Jesus necessitavam aprender essa lição. Eles não eram melhores que seus vizinhos de nação e o coração deles necessitava ser trabalhado e vencido o preconceito. De uma forma ou outra, todos necessitavam da salvação oferecida por Jesus, necessitavam de um coração transformado.
Eles não eram melhores que os outros e os outros não eram inferiores. Todos eram pecadores e necessitavam da graça salvadora oferecida pelo Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
Jesus e o Evangelho
Jesus viera da linhagem de Abraão. Deus havia prometido isso a seu servo e cumprira Sua palavra. Ele sempre cumpre.
Abraão fora especial para Deus porque tivera fé e fora obediente ao que Ele lhe pedira, mesmo que não fosse ver o cumprimento daquela promessa em sua vida – ela se cumpriria somente para seus descendentes. Mesmo assim foi pronto em obedecer. E Deus o honrou por isso.
No entanto, isso não queria dizer que as gerações de Abraão seriam superiores às outras, mas que teriam maiores responsabilidades porque haviam sido agraciadas com conhecimento muito maior que os outros e por isso, preparados para receber o Messias que nasceria dentre eles. Mas o que fizeram quando o Messias veio? Rejeitaram-no.
Cristo quis ensinar aos seus discípulos e a todos nós que cada ser humano é um candidato à salvação, contanto que a queira.
“Jesus respondeu (à mulher): Não é bom pegar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos. Disse ela: Sim, Senhor, mas até os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa de seus donos.” (Mateus 15:26,27 EC) Parecem duras essas palavras de Jesus, não? Ele queria dizer aquilo, realmente?
Jesus sabia até onde poderia ir com aquela mulher para poder abrir os olhos dos seus discípulos e das pessoas que O seguiam.
Ele não faz diferença entre as pessoas e aquela mulher era tão importante para Ele como todo judeu, grego, romano daquela época, ou de qualquer outra pessoa em qualquer época. E era isso que Ele desejava que seus discípulos entendessem.
O Evangelho não era somente para os judeus. Eles deveriam espalhá-lo e fazer outros discípulos em qualquer língua ou nação.
Os discípulos, porém, demoraram a entender isso, tanto que Deus chamou Paulo, um fariseu judeu convertido a Cristo e que foi o maior disseminador do evangelho entre outros povos daquela época.
Quem São os Donos do Evangelho?
Assim como os judeus bíblicos se achavam únicos e mais que especiais para Deus, parece que a situação se tornou muito parecida atualmente nas religiões cristãs. Muitas se comportam como ‘donas’ do Evangelho de Cristo, tanto que até aqueles que não seguem esse Evangelho pensam e veem assim também. Gandhi disse, certa vez, que se não fosse pelos cristãos, ele seria um cristão. E é assim que muitos pensam, infelizmente!
Como cristãos não vivemos como nosso Mestre e não servimos a Deus e ao nosso próximo como deveríamos! Deturpamos o entendimento de Sua Palavra e a interpretamos segundo os nossos interesses, e isso afasta pessoas sinceras.
Por que há tantas religiões, se a Palavra de Deus é a mesma?
Porque seguimos mais aos homens que a Deus.
Defendemos doutrinas de homens e quem não se encaixa nelas, não se encaixa em nossa religião.
Vejo que voltamos ao tempo de Jesus quando Ele se debatia com os ensinadores da época, os quais colocavam tantas regras para fazer a ‘vontade’ de Deus que tornava a religião algo difícil de seguir.
Regras são necessárias, mas a Palavra de Deus já as tem, não precisamos acrescentar mais.
“— Não pensem que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, mas para cumprir. Porque em verdade lhes digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra. Aquele, pois, que desrespeitar um destes mandamentos, ainda que dos menores, e ensinar os outros a fazer o mesmo, será considerado mínimo no Reino dos Céus; aquele, porém, que os observar e ensinar, esse será considerado grande no Reino dos Céus.” (Mateus 5:17-19 NAA)
Para Quem é o Evangelho
Cristo desejou mostrar com a história da mulher fenícia, que o Evangelho é para todos e aqueles que se julgam ‘donos’ podem deixar de receber as bênçãos que esse Evangelho proporciona, por não viverem o que esse Evangelho mostra.
“Estes vasos somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios, como também diz em Oseias: “Chamarei de ‘meu povo’ ao que não era meu povo; e de ‘amada’ à que não era amada. E no lugar em que lhes foi dito: ‘Vocês não são o meu povo’, ali mesmo serão chamados ‘filhos do Deus vivo’.” … Que diremos, então? Que os gentios, que não buscavam a justificação, vieram a alcançá-la, a saber, a justificação que decorre da fé, e que Israel, que buscava a lei de justiça, não chegou a atingir essa lei. Por quê? Porque não a buscou pela fé, mas como que por obras. Tropeçaram na pedra de tropeço, como está escrito: “Eis que ponho em Sião uma pedra de tropeço e rocha de ofensa, e aquele que nela crê não será envergonhado.” (Romanos 9:24-26, 30-33 NAA)
E a outra lição: não somos melhores por conhecer o Evangelho. Só nos tornamos melhores quando vivemos de acordo com esse Evangelho.
Quando julgamos, já deixamos de viver segundo o que Cristo deseja que vivamos. E Cristo mostrou que todos têm direito a receber as bênçãos e a graça que Ele oferece. Como a mulher de Tiro – precisamos crer.
Adoração
A primeira coisa que a mulher fez quando, finalmente, se aproximou de Jesus foi adorá-Lo. Só então ela colocou o seu pedido: “Senhor, me ajude!” (Mateus 15:25 NAA)
A humildade e o reconhecimento fazem parte da verdadeira adoração e são atitudes que devem ser vistas na vida de todo cristão.
Aquela mulher, apesar de pouco saber sobre o Messias, demonstrou atitudes mais dignas do que todo o povo judeu que havia recebido a luz sobre o Messias. Ela adorou Jesus dando a Ele a honra divina que ela cria ser Ele merecedor, enquanto o povo judeu O rejeitava como Filho de Deus.
Conhecer não nos torna melhores, mas viver aquilo que sabemos, sim!
Jesus Tem Prazer Em Ajudar
Foi Jesus quem escolheu ir para aquela região, assim como escolhera ir para a região dos gadarenos e ajudar os dois homens de lá que estavam em terrível sofrimento (Mateus 8:28-34). Essas não eram regiões de judeus, apesar de muitos deles morarem ali.
Jesus não fazia, e não faz, distinção entre as pessoas. Ele criou a humanidade. Todos são seus filhos. Como então poderia fazer separação entre eles? Nós, seres humanos é que fazemos divisão, provocamos guerras, rejeitamos os nossos semelhantes, ignoramos os necessitados, colocamos muros e fazemos distinção entre nós.
A mulher clamou por socorro e Cristo ouviu o seu clamor, mesmo antes de estar ali em pessoa. Apesar de seus conceitos pagãos, ela conhecia o Deus de seus vizinhos judeus e foi a Ele que clamou por socorro porque os deuses de sua crença não ouviram a ela.
Veja! Cristo não levou a mulher onde Ele estava, mas Ele foi até ela para atender as suas necessidades, bem como fora até a região de Gadara para ajudar os dois pobres homens que lá viviam atormentados pelo diabo (Mateus 8:28-34).
E assim Ele faz em nossos dias e sempre.
Ele vai até as almas necessitadas que clamam a Ele por ajuda e socorro, não importando sua condição, seu credo, seu conhecimento sobre Ele. Todos são seus filhos e Ele estende a mão a todos.
Ele olha para dentro do nosso coração e se há lugar para Ele ali, então permanece.
Jesus viveu uma vida diferente das de seus compatriotas. Ele não se limitou a ensinar somente Seu povo, mas mostrou que o Evangelho é para todos. Que o Seu sacrifício uniu novamente a raça humana a Deus Pai e que todos tem direito à salvação e à vida eterna. E Ele – Jesus – colocou esses dons ao alcance de todos.
“Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado veio a morte, assim também a morte passou a toda a humanidade, porque todos pecaram. Mas o dom gratuito não é como a ofensa. Porque, se muitos morreram pela ofensa de um só, muito mais a graça de Deus e o dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo, foram abundantes sobre muitos!” Romanos 5:12, 15 NAA
“Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos. A lei veio para que aumentasse a ofensa. Mas onde aumentou o pecado, aumentou muito mais ainda a graça, a fim de que, como o pecado reinou pela morte, assim também a graça reinasse pela justiça que conduz à vida eterna, por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor.” Romanos 5:19-21 NAA
Conclusão
Deus não se limita às nossas crenças.
Ele não veio a esse mundo para salvar um povo, uma raça, membros de uma religião. Ele veio trazer vida a todos os que O aceitam e O amam e desejam viver uma vida de amor e serviço a Ele e ao próximo.
Seu amor está disponível e a todo aquele que dele necessita – e isso é fato.
Ele continua a estender a Sua mão a todos que clamam a Ele, e nunca a encurta, mas ajuda com amor e compaixão.
Ele deseja que nos libertemos dos conceitos errados a que muitas vezes nos submetemos e vivamos em liberdade.
Liberdade para adorar ao Deus verdadeiro.
Liberdade para viver melhor.
Liberdade para encontrar o Caminho.
Liberdade para escolher.
E sábio é aquele que sabe fazer boas escolhas!
Desejo que você consiga fazer as melhores escolhas!
Um abraço
Ivanise
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