A TRAJETÓRIA DOLOROSA DE CRISTO – O CAMINHO DE DOR QUE ELE PERCORREU ATÉ A CRUZ, POR AMOR
Um caminho de dor foi percorrido por Jesus Cristo até a cruz. Sua dor não era somente física, mas o que mais lhe pesava era o pecado de toda a raça humana que Cristo deveria carregar como pagamento da desobediência à lei de Deus. Uma desobediência que não era Dele, mas que Cristo assumira no lugar do homem, para que o homem pudesse viver novamente – uma vida digna sem a marca do pecado, uma vida harmoniosa e eterna.
“O pecado trouxera uma tristeza e dor que jamais havia sido sentida pelos filhos de Deus. Os seres criados conheceram a imperfeição, a tristeza, a separação. O céu havia sido manchado com a tola escolha de um ser egoísta e orgulhoso (Lúcifer/Satanás). E eles sabiam agora, que isso custaria a vida preciosa do Seu amado Criador. Cristo, em Sua infinita bondade e amor, ofereceu-se ao Pai para trazer de volta a harmonia em todo o Universo, através de Sua própria morte.
Se “o salário do pecado é a morte” (Romanos 6:23), Ele pagaria esse preço, num caminho de dor, para que Seus filhos pudessem novamente ter vida, uma vida eterna, sem mais interferências do pecado. A criação já terá sentido o quanto o pecado é mau e jamais quererá experimentá-lo novamente. O céu precisava dessa certeza. O universo precisava dessa certeza. Nós precisamos dessa certeza. …
Os anjos devem ter ouvido perplexos o plano traçado pela Divindade. Não podiam conceber que seu amado Senhor pudesse despojar-se de Sua elevada e santa posição para ser um humano e viver sob o fardo do pecado e de uma vida de humildade e privações e andando em um caminho de dor! Tenho certeza de que eles se ofereceram para tomar seu lugar, mas somente o sangue do Filho de Deus poderia cumprir com esse propósito. Ele havia sido o alvo de ataque de Satanás. Ele seria, novamente, o alvo. Lutaria novamente, como já havia feito antes (Apocalipse 12:7-9). E precisava vencer.
Na primeira batalha, lutara como Deus, na segunda, lutaria como homem, na fraqueza do ser humano, para provar que o amor é mais forte que o pecado e que pode vencer a morte. E venceu. Mas para isso, sofreu a mais cruel dor que homem algum precisará sofrer, pois seu propósito era aliviar nosso fardo.
Oh! Quão gratos deveríamos ser a Ele por tão maravilhoso amor! Por Cristo ter percorrido um caminho de dor em nosso lugar! Por ter morrido numa cruz para nos dar a salvação! Pelo amor que é capaz de aliviar a dor, amenizar o fardo e mostrar que há esperança. Uma esperança cheia de certeza.
Uma luta solitária no caminho de dor
No Getsêmani, onde Cristo lutou bravamente por cada um de nós, chegou a suar gotas de sangue, tão intenso foi seu sofrimento, foi sua dor. Em seus ombros o pesado fardo do pecado quase o fazia sucumbir, mas Ele sentia a responsabilidade de salvar a humanidade, de não desistir – Ele poderia tê-lo feito, mas não o fez porque sabia que seu sacrifício era necessário, se Ele desistisse jamais esse mundo se livraria das artimanhas de Satanás.
A responsabilidade em carregar a nossa culpa e de todos os homens, era por demais difícil. Nesse momento estava só. O terrível fardo de pecado que levava sobre si O separava do Pai. Quão terrível foi essa separação! Quanta dor sentiu!
“Mas as vossas iniquidades fazem divisão entre vós e o vosso Deus, e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça.” (Isaías 59:2). “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós, para que nele fôssemos feitos justiça de Deus.” (II Coríntios 5:21) Esse foi o caminho de dor que Cristo percorreu! Essa foi a Sua mais dolorosa provação! Nem mesmo seus amigos terrenos com quem andara durante três anos e ensinara, corrigira e dera uma nova perspectiva de vida, estiveram com Ele, deixaram-no só (Marcos 14:37,40).
Sua angústia mental ocasionou uma grande fraqueza que o limitaria a carregar a cruz até fora da cidade. Um homem-Deus a lutar sozinho contra as hostes do mal. Satanás estava a cercar-Lhe no jardim do Getsêmani. A desistência de Cristo seria a sua vitória. Se Cristo abandonasse a Sua via dolorosa, seu caminho de dor, ele seria vitorioso.
Deveria fazer com que as coisas se tornassem terríveis para que o Filho de Deus não fosse avante em Seu plano. Colocou na mente de Cristo muitas dúvidas e insistiu com Ele que os homens não valorizariam Seu sacrifício, poucos o amariam e dariam valor ao que Ele estava fazendo. Para quê, então, tamanha doação? Até um dos seus discípulos o trairia (João 17:12)! Para que, então, percorrer esse caminho de dor?
No momento do mais terrível temor Ele caiu ao chão. Não tinha mais forças, mas Sua oração era: “… todavia não se faça a minha vontade, mas a tua (do Pai).” (Lucas 22:42) “Então lhe apareceu um anjo do céu que o confortava.” (v. 43) O Pai disse basta. Satanás já o provara suficientemente naquele momento.
“As tentações de Cristo e Seus sofrimentos diante delas eram proporcionais a Seu elevado caráter sem pecado. Mas em todo momento de aflição Cristo volvia-Se para Seu Pai. Ele “resistiu até ao sangue” naquela hora em que o temor do fracasso moral era como o temor da morte. Quando Ele Se prostrou no Getsêmani, na agonia de Sua alma, gotas de sangue caíram-Lhe dos poros e umedeceram os torrões de terra. Orou com fortes clamores e lágrimas, e foi ouvido naquilo que temia. Deus O fortaleceu, como fortalecerá a todos os que se humilharem, lançando-se de alma, corpo e espírito nas mãos de um Deus que guarda o concerto.” (White, 1987, p. 131)
Um julgamento forjado
O que estava por vir era o desfecho de algo que intrigava o Universo há milênios. A intercessão como nos sacrifícios anuais já fora feita (Dia da Expiação: Levíticos 16; Hebreus 5:1-3,7-9; 7:27). Deus aceitara Suas orações. Elas haviam subido até Ele como um incenso de cheiro suave, como o incenso do santuário terrestre que enchia o ambiente do Lugar Santo e Santíssimo (Levíticos 16:12,13; Apocalipse 8:3). O caminho de dor já havia sido quase totalmente percorrido. Agora era a vez do sacrifício. Tudo havia sido feito. A nossa salvação estava delineada. Faltava desatar o último nó.
Os gritos da turba: “Crucifica-o! Crucifica-o!” (Lucas 23:21) foram ouvidos no trono do Pai. O céu estava silente. Os anjos não podiam entender como algumas daquelas vozes que há poucas horas clamavam: “Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor! Bendito o reino que vem, o reino do nosso pai Davi! Hosana nas maiores alturas!” (Marcos 11:9,10), agora gritavam: “Crucifica-O!”
Cristo entrara em Jerusalém como um rei. O povo concluíra que aquela era a hora de sua emancipação. Era um adeus aos romanos e Ele colocaria em ordem o Templo. Queriam um reino terrestre. Não haviam entendido seus passos aqui na terra. Não haviam entendido Seu caminho de dor percorrido para que eles fossem salvos do pecado e da morte eterna e não dos romanos.
Agora, Aquele que parecia um rei, estava nas mãos dos líderes espirituais daquela nação. Sua sentença era a morte certa. A multidão não mais estava ao Seu lado para apoiá-Lo; o interesse deles era apenas terreno, nem seus discípulos compreendiam o que se passava. Cristo olhou para aquela multidão. Já sentira o peso dos seus pecados no Jardim do Getsêmani. Sabia que ainda continuaria sentindo o seu peso na cruz, mas seu coração os amava.
Era um louco? Gostava de sofrer? Não. No entanto, para isso viera. Ele escolhera esse caminho de dor. Se fosse diferente não seria um Deus de amor e compassivo. Não havia escolhido sofrer, ou sentir dor, ou carregar uma cruz porque lhe era prazeroso assim fazer, mas porque o pecado lhe impunha tamanha carga. Esse era o preço, o salário do pecado. Para a nossa mente humana é difícil compreender. Parece uma tamanha loucura! Ele sabia, no entanto, que infelizmente, aqueles que desejavam a Sua morte, teriam que pagar pelos seus pecados. Era a escolha que faziam, apesar Dele ter-lhes oferecido algo melhor.
A trajetória dolorosa – o caminho de dor até a cruz
Ao terminar o julgamento, Sua sentença fora a morte, morte de cruz. Uma pesada madeira foi-lhe colocada nos ombros, mas não conseguiu carregá-la. Por duas vezes desmaiou. A angústia da noite anterior o enfraquecera deveras. Ao chegar ao local onde a cruz seria erguida, sem mostrar reação, estendeu suas mãos para serem pregadas. A dor dos pregos, e de quando levantaram a cruz e a lançaram no buraco, rasgando sua carne, não foi maior do que a dor que sentia por saber que aqueles homens estavam rejeitando Sua oferta de salvação. Em meio à intensa agonia, intercedeu junto ao Pai por eles: “Jesus disse: Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem.” (Lucas 23:34). Sentiu o quanto o peso dos pecados O esmagava. Sua dor levou-O a exclamar: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mateus 27:46)
Deus o havia desamparado?
Cristo estava sentindo o que o pecado faz aos homens em relação a Deus: “Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados esconderam o seu rosto de vós, de modo que não vos ouça.” (Isaías 59:2) Agora sabia exatamente como o Pai se sentia com relação ao horrendo pecado. Não há espaço para o pecado onde Deus está. Não há como conviver luz e trevas ao mesmo tempo.
A lei era: “O salário do pecado é a morte…” (Romanos 6:23 p.p). Se Deus, o Pai, se permitisse conviver com o erro no Universo, sendo conivente com seus filhos pecadores, jamais a paz e a harmonia do Universo se restabeleceriam. Jamais haveria, novamente, a felicidade plena e permanente. Jamais seus filhos poderiam acreditar no Deus que os havia criado – seria um Deus sem palavra. Não, não podia ser assim. Um final seria acrescentado a esse verso: “… mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, em Cristo Jesus, nosso Senhor.” (Romanos 6:23 u.p.) Aí está a trajetória final – o fim do circuito do pecado, do caminho de dor intensa que Cristo deveria sofrer – o fim da semente da discórdia e mal que Satanás semeara nesse mundo. A cruz marcava esse final!
Sim, o Pai e o Filho estavam de pleno acordo com este plano de redenção. Ambos queriam ver a humanidade salva, redimida e o pecado para sempre eliminado do Universo. Esse é o amor de Deus que jamais poderemos compreender. Teremos a eternidade para estudá-lo, pois ele é infinito.
O Pai não abandonara seu filho. Por mais que o pecado houvesse feito a sua obra, e continuará fazendo até o final dos tempos, o Pai compreendia o sacrifício de Seu amado Filho, sentira com Ele o caminho de dor que percorrera, e aceitara o plano de redenção que Ele havia delineado para a humanidade. Agora o homem poderia conviver com Deus novamente. A harmonia poderia ser restaurada através de Jesus e seu sacrifício na cruz, e Satanás receberia, afinal, sua recompensa. Mas, o Universo teria que saber e entender o quanto o pecado é detestável para o seu Criador. Eles deveriam sentir o quanto ele separa a criatura do Criador e desejar jamais experimentá-lo; e nós seres humanos, jamais voltar a praticá-lo.
A cruz
No momento da mais dura e cruel agonia na cruz, o céu manifestou sua simpatia para com o Filho. Os evangelhos de Lucas (23:44,45), de Mateus (27:45) e de Marcos (15:33) relatam que o sol não deu seu brilho durante três longas horas. Era a tristeza dos amados que deixara, para vir a esse mundo sem luz e enfermo. E no momento que Jesus rendeu seu espírito, Mateus relata a convulsão da natureza mediante tal desprendimento do Deus Filho (27:51,52).
Estava consumado. A trajetória da dor havia acabado. O homem teria novamente condições de estar com Deus em Sua glória. Poderia desfrutar, novamente da vida eterna. Uma vida sem dor, sem morte, sem tristezas, sem violência, sem doenças, sem separações, sem angústias, enfim, sem lágrimas.
O céu, neste momento, encheu-se de uma doce alegria. Cristo estava pendido morto na cruz e eles se alegrando? Sim, eles sabiam que o grande inimigo havia sido derrotado e que seus dias estavam contados; teriam, novamente, Cristo com eles e podiam ver a paz e a harmonia que se restabeleceria no Universo.
Onde Deus estava quando seu Filho sofria? Onde Deus estava quando Jesus agonizava a dor da morte?
Onde estava Deus Pai?
Estava sofrendo com Ele.
Seu amor, imenso amor, que sempre dedicara ao Filho, estava a cercar Jesus nos últimos suspiros. Por mais que o pecado pesasse sobre Jesus, o amor do Pai não o abandonara. Andou com Cristo o caminho de dor que Ele percorreu. Mostrou Sua dor e tristeza na escuridão que envolveu a cruz. Sua dor e, também alegria por tudo ter acabado, nos relâmpagos e trovões, e no terremoto que abalou a terra quando Ele expirou.
Sim, Deus estava presente. Jamais abandonara Seu amado Primogênito, mesmo que o pecado cruel os separasse, Seu amor o acompanhara até o último e derradeiro momento aqui nesta terra. “Aquele que me enviou está comigo; ele não me deixou só, pois sempre faço o que lhe agrada.” (João 8:29). “Por isso o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a tomá-la. Ninguém a tira de mim, mas eu espontaneamente a dou. Eu tenho autoridade para dá-la, e autoridade para tornar a tomá-la. Este mandato recebi de meu Pai.” (João10:17,18). “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens os seus pecados, e nos confiou a palavra da reconciliação.” (II Coríntios 5:19) …
Deus estava ao lado de Jesus. Sofreu o que Ele sofreu. Seu braço não estava encurtado, assim como não está para conosco. Ele sente as nossas dores e deseja que aceitemos o Seu plano de amor para um dia estarmos com Ele em Seu lar de paz e amor.” (A ’Loucura’ de Deus)
Deus quer também, andar conosco o nosso caminho de dor e aliviar os nossos fardos para nos ajudar a ser vitoriosos nesse mundo onde o pecado ainda reina. Precisamos crer!
Esta é a verdadeira Páscoa!
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Um abraço
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