O ALIMENTO ESPIRITUAL

Sossego: buscando o alimento espiritual

Você alguma vez planejou se retirar para algum lugar para descansar, ficar longe dos problemas, reabastecer as energias, se nutrir com alimento espiritual, mudar um pouco de ares, só para descobrir que o trabalho e os problemas pareciam estar grudados em você, e que o haviam acompanhado?

Pois creio que foi exatamente o que aconteceu com Jesus! Ele queria ficar longe daquelas perguntas que O incriminariam. Daquelas pessoas que estavam atentos a tudo o que Ele falava e fazia, a fim de O incriminarem e entregarem às autoridades. Queria descansar um pouco e, também, reabastecer as energias com alimento espiritual. Queria ficar um pouco a sós e poder conversar longamente com Seu Pai. (Mais sobre isso, leia esse artigo.)

No entanto… A multidão seguiu-O, levando seus enfermos para que Ele os curasse.

Imagine se fosse com você? De férias em um lugar tranquilo, querendo ficar longe do trabalho, dos problemas e de repente o trabalho, ou problemas chegam até você? A nossa tendência é recuar, ou recusar ver o que precisa ser feito ou se livrar da situação. Sabem o que Jesus fez? “Viu aquela grande multidão, ficou com muita pena deles e curou os doentes que estavam ali.” (Mateus 14:14 NTLH)

Cristo jamais rejeita quem vai até Ele com o coração desejoso por cura e a alma sedenta por Sua presença! Ele acolhe, cura, sacia a alma de quem O busca com sinceridade de coração. Ele conhece as nossas necessidades e nos concede a Sua graça. (Sugestão de leitura – ‘No Deserto da Vida’)

A responsabilidade em repartir o alimento espiritual

Acho que ajudar os outros, socorrer quem está em necessidade, faz parte de algo que está lá dentro do coração, e se chama ‘compaixão’.

Após um dia todo ensinando e curando, os discípulos vieram até Jesus com a seguinte questão: “Já é tarde, e este lugar é deserto. Mande essa gente embora, a fim de que vão aos povoados e comprem alguma coisa para comer.” (Mateus 14:15 NTLH) E novamente a resposta de Jesus surpreendeu: “Eles não precisam ir embora. Deem vocês mesmos comida a eles.” (v. 16 NTLH)

Eles disseram: “Mas como? Nós temos somente cinco pãezinhos e dois peixes!” (v. 17 NBV) Eles não queriam se ver envolvidos em mais um trabalho, em mais um problema e pediram a Jesus que despedisse a multidão. Eles deveriam sair e arrumar alimento para si.

Quantas vezes deixamos de resolver as coisas que seriam nossa obrigação, porque jogamos a responsabilidade sobre outros. Raciocinamos que aquele não é nosso problema e nos sentimos confortáveis em deixar para os outros aquilo que poderíamos resolver.

Talvez passe por nossa mente que nem tudo é possível fazermos! Foi assim que os discípulos pensaram. Alimento para aquela multidão? De longe não era responsabilidade deles! Parece que jogar a responsabilidade para outros acalma o nosso coração!

A Ordem

Por mais que houvessem visto e sentido a necessidade que eles tinham de alimento, não quiseram assumir a responsabilidade por tal situação.

Você consegue imaginar isso? Ali estava uma multidão com mais de cinco mil pessoas, num lugar deserto – e isso quer dizer que não havia uma cidade por perto – que estava faminta – possivelmente crianças choramingando – e Cristo pedindo que eles a alimentasse, sendo que nem tinham alimento direito para eles! A situação era muito complexa, a meu ver! Como eles alimentariam aquele povo todo?

Jesus estava empurrando um problema aos discípulos? Não é bem assim que Ele faz. O que Ele estava propondo é que os discípulos O ajudassem na solução do problema. “Tragam isso para mim.” (v.18 NBV) – foi a Sua resposta. Ele não via só as necessidades físicas daquela multidão, mas também as espirituais. Ele sabia que ainda necessitava dar algo mais para eles, um pouco mais de alimento espiritual e físico.

Assim Ele olha para nós também! Ele conhece nossas necessidades particulares e isso nos dá a certeza de que nos conhece muito bem. Ele nos conhece tão bem que não esquece aquilo de que mais necessitamos. Ele vê os nossos momentos de crise e dificuldades e está sempre disposto a ajudar, estendendo a Sua mão benevolente nos ofertando de um simples, mas rico e saboroso alimento espiritual.

Mas a questão ali era: “Deem vocês mesmos comida a eles.” A responsabilidade era deles. A ordem de jesus fora direta. Não havia como darem desculpas! Aquele era o dever deles, a missão que lhes dera! E então, como fariam aquilo?

Exercício da fé: o alimento espiritual para todos

Você já pensou se essa situação fosse colocada para você? O que faria? Como agiria?

Mas há um outro lado ainda: às vezes tentamos fazer coisas sozinhos, por nós mesmos, sem confiar no poder e ajuda divinos. Não recorremos a Ele para nos auxiliar, nos capacitar. Então tudo parece difícil, desanimador e impossível. Falta-nos a fé. Falta-nos entregar tudo nas mãos Daquele que pode todas as coisas.

Fé. Esse era o ingrediente que faltava aos discípulos e que falta em nossa vida tantas e tantas vezes! Deus está disposto a nos estender a mão. Ele nunca coloca algo em nossas mãos sem nos capacitar antes. O que precisamos é confiar e avançar em nossa responsabilidade, mesmo que a tarefa pareça muito maior do que possamos realizar. (Leia mais sobre fé, clicando aqui.)

Mas o que seriam ‘cinco pães e dois peixes’ para aquela imensa multidão? Precisariam de um milagre! Exatamente – ‘um milagre’! No entanto, mesmo assim levaram até Jesus o que tinham.

E Cristo fez o milagre!

Quantas vezes nos intimidamos com o pouco que temos a oferecer ou com aquilo que somos! Mas Ele nos pede que levemos até Ele aquilo que temos e Ele fará por nós e em nós aquilo que jamais imaginaríamos pudesse ser feito!

Os discípulos ofereceram aquilo que tinham, mas não viam perspectiva naquele pequeno lanche. No entanto, o que Cristo esperava era que levassem até Ele exatamente o que tinham – Ele saberia o que fazer! O que necessitamos é levar a Cristo o que temos, o que somos, não importa se é pouco ou muito, Ele saberá o que fazer. Ele pode transformar o nosso pouco em muito, se for para honra do Seu nome.

Levando a Ele o que tenho

Precisamos vencer nossa timidez e falta de fé e levar a Ele o que temos. E a pergunta é: O que tenho para levar até Ele, a fim de que Ele possa fazer o que eu não tenho condição de fazer por mim mesmo?

“Tendo mandado que a multidão se assentasse sobre a relva, tomou os cinco pães e dois peixes e, erguendo os olhos ao céu, os abençoou. Depois tendo partido os pães, deu-os aos discípulos, e os discípulos à multidão.” (Mateus 14:19 EC)

Algumas coisas interessantes podemos perceber nessa citação acima:

1. Jesus mandou que a multidão se assentasse: Não era Seu desejo que desfrutassem do alimento às pressas. Queria que degustassem, comessem com calma, aproveitando a companhia um dos outros, que tornassem aquele momento num convívio social relaxante e assim discutirem e refletirem naquilo que tinham aprendido aquele dia.
2. O ambiente: deviam se assentar sobre a relva. Não lhes proporcionou um ambiente com o ‘luxo e conforto’ que valorizamos como seres humanos, pois não era Seu objetivo – por mais que isso Lhe fosse possível. Queria que desfrutassem do ambiente bucólico e sereno do final daquele dia, que desfrutassem um pouco mais daquele ambiente natural e simples, da simplicidade e candura que a natureza oferece. O luxo e a extravagância nunca fizeram parte da vida de Cristo aqui na terra. Ele buscava a riqueza exuberante da natureza, as suas cores variadas, o silêncio, a paz e a serenidade que ela oferece. Não precisamos do luxo e da extravagância para encontrar a felicidade, essas são vaidades que passam, são superficialidades que se esvaem sem ao menos perceber, não trazem a segurança que imaginamos e nem a paz que desejamos, ao contrário geram insegurança, medo e um vazio que só se pensa preencher com mais, sempre mais.
3. Tomou o alimento e o abençoou: Ali, em Suas mãos estava aquilo que Ele mesmo proporcionara à humanidade. Tomar o alimento em Suas mãos e abençoar já era uma segunda bênção! Ele estava abençoando novamente aquilo que já era abençoado! E como houvesse Nele a natureza humana também, sentiu que necessitava das bênçãos do Pai, a fim de que aquele ato fosse completado com sucesso. Ao pedir as bênçãos e agradecer mostrou que necessitamos da bondade de Deus a cada dia e em cada momento da nossa vida.
4. Deu o alimento aos discípulos e estes à multidão: à medida que repartia, mais havia. E daquele pequeno alimento saciou a fome de milhares. O alimento que devia alimentar um garoto, alimentou milhares de pessoas. O pouco nas mãos de Deus se torna muito se o oferecermos a Ele. E esse é o desejo de Deus: multiplicar o pouco que temos, tornando-o uma bênção para muitos! Os discípulos eram os ministradores imediatos a Jesus – eles recebiam e deviam repartir com os outros. O trabalho deles não era serem expectadores, mas também agentes. Quanto mais davam do alimento à multidão, mais tinham para dar. O alimento na mão de Cristo encheu doze cestos, e esses doze cestos nas mãos dos discípulos alimentaram milhares de pessoas. Quando Cristo nos oferece algo, é cheio de bênçãos de Suas mãos, e deseja que ofereçamos a outros as mesmas bênçãos que recebemos. O trabalho que Ele nos dá, é de multiplicação. Pode ser somente ‘um cesto’, mas poderá ‘alimentar’ muitos.
5. As pessoas aceitaram o que lhes era oferecido: A multidão só teve a sua fome saciada porque aceitou o que lhe era oferecido. Cristo já os havia alimentado espiritualmente, agora os alimentava com o alimento físico também. Ao aceitarmos o oferecimento de Cristo nossa alma será abastecida e saciada com um alimento espiritual rico e nutritivo, capaz de fortalecer nossa vida. E não devemos conservar esse alimento somente para nós, mas reparti-lo para que outros recebam das mesmas bênçãos que nós.

Gratidão pelo alimento espiritual

Nem sempre lembramos de agradecer as bênçãos que recebemos diariamente: a água, o ar que respiramos, o alimento, a saúde, a vida etc. Também não devemos esquecer de agradecer o alimento espiritual que nos fortalece cada dia, ajudando a enfrentar as dificuldades que surgem.

Muito mais que saciar nosso corpo, Deus deseja saciar a nossa alma. Ele deseja abastecer os celeiros espirituais do nosso ser e nos ajudar a enfrentar as forças espirituais do mal e nos dar a vitória sobre elas.

Precisamos nos alimentar de Sua Palavra, de Sua presença cada dia. É por isso, que Ele nos diz para nos ‘assentarmos’ e nos alimentarmos sossegadamente, sem pressa, absorvendo tranquilamente esse ‘alimento’ para que ele seja digerido completamente e enriqueça a nossa alma com todos os elementos espirituais de que ela necessita e estarmos abastecidos para os momentos de necessidade.

Conclusão

Por mais que a tarefa a fazer pareça desafiadora e até assustadora e pensemos que não é para nós, para as nossas possibilidades, Cristo nos convida a levar até Ele. Ele saberá o que fazer. O que precisamos é confiar Nele. Mesmo que aquilo que temos ou somos pareça pouco, Ele pode multiplicar e podemos ser e levar a outros bênçãos muito maiores.

Assim como Ele nos abastece de bênçãos e privilégios, Ele deseja que repartamos com os outros e assim muitos serão beneficiados também. Não podemos subestimar aquilo que temos, pois Deus deseja nos usar para abençoar outros.

E, por fim, só podemos dar aquilo que temos. Portanto, necessitamos nos abastecer de Sua Palavra, de Sua presença, a fim de que possamos abastecer outros também.

O alimento que Deus nos oferece é rico e nutritivo para a nossa alma e é capaz de nos preparar para os momentos mais desafiadores da vida, fortalecendo nossos ‘músculos espirituais’, ajudando-nos a enfrentar as forças poderosas do mal e sermos vitoriosos.

Mesmo que o nosso desejo seja encontrar um lugar silencioso e obscuro e ali ficar sem que alguém nos veja e precise de nós, Deus quer que saiamos da obscuridade e levemos luz aos lugares escuros e alimento àqueles que estão minguando por falta do alimento espiritual que Ele tem nos dado.

Convido você a sair e abastecer outros com aquilo que você tem, mesmo que ache que é pouco.

O que você tem hoje para oferecer para Deus?

Pense nisso e leve até Ele a fim de que Ele possa abençoar e você saia por aí abençoando outros.

Um abraço

Ivanise

P.S. Não deixe de me seguir também nas outras redes sociais e compartilhe esse BLOG, para que outros também se beneficiem das leituras aqui. Ah! E não deixe de ver os outros temas. Há muita coisa para você aqui!

Instagram: @ivanisehp e @relacionamento.ao.maximo

Livros disponíveis da autora: impressos e ebooks