COMUNICAÇÃO DO CASAL
Uma comunicação adequada é necessária na comunicação do casal, num ambiente corporativo, na venda de um produto, no artista em sua obra, num professor ao ensinar, no autor em seu livro, nas placas de informação, enfim, se não há uma comunicação adequada, a mensagem pretendida não será absorvida e o objetivo final será nulo.
No ambiente familiar a comunicação do casal e da família é essencial a fim de que haja um ambiente doméstico saudável e agradável para se viver.
Um entendimento entre pais e filhos, entre os cônjuges, regras bem definidas, tom dos diálogos, discursos bem claros e até nos gestos, a comunicação deve ser clara e inteligível.
Para que haja uma comunicação é necessário no mínimo dois canais: o emissor e o receptor. Sem esse mínimo não podemos dizer que houve comunicação, apesar de alguns autores se referirem também à comunicação intrapessoal, que é a comunicação do indivíduo consigo mesmo, através dos pensamentos e reflexões.
A comunicação pode ser verbal e não verbal.
A verbal é através da linguagem, e a não verbal por meio de gestos, emoções, postura corporal, expressão facial, e até a distância.
Há também os canais que levam a mensagem: a própria linguagem, o telefone, carta, meio digital, televisão, livro etc. E ainda há também um outro elemento presente na comunicação, o ruído, que é tudo aquilo que afeta o canal, fazendo com que a mensagem não chegue de forma adequada ao receptor.
O CASAL
Como vimos, a comunicação pode ter ruídos e quando isso acontece, a mensagem não é transmitida com sucesso.
As falhas de comunicação do casal se dão por não conhecerem adequadamente os códigos transmitidos um ao outro, ou seja, não há um conhecimento dessa linguagem ou meio de transmissão.
Por que isso acontece?
1) Um dos cônjuges pode achar que o outro já o conhece e que transmitir a mensagem de maneira não verbal, através das emoções, como a tristeza, decepção, raiva e até o silêncio, fará com que o outro perceba o que está acontecendo. Essa é uma maneira da mensagem não chegar com clareza e gerar frustração, tanto no emissor quanto no receptor.
2) Outra razão pode ser que pela intimidade que já desfrutam, um dos cônjuges tende a achar que pode transmitir suas mensagens de forma agressiva, como xingamentos, palavras ofensivas, gritos ou até mesmo outros tipos de agressões. Esse tipo de comunicação pode gerar ressentimentos, medo e reações por parte do outro.
3) Há também aqueles que resolvem se comunicar através de gozações, piadas, indiretas, fazendo com que o outro não entenda corretamente o que se quer dizer, o que pode gerar um sentimento de desrespeito pelo outro.
4) O descuido também é um fator de interferência. Deixar que as ocupações tantas do dia a dia, do trabalho, da correria afetem o tempo do casal juntos e de conversarem adequadamente, vai gerando um afastamento silencioso, o que dificultará na retomada da comunicação do casal. Por isso é muito importante não descuidarem do que deve ser priorizado. Também avaliarem se não estão dando mais importância para as outras coisas que o relacionamento conjugal.
5) A tecnologia também pode ser um fator de ruído na comunicação do casal. Muito tempo nas redes sociais, quando estão juntos, sem darem atenção um ao outro também vai gerar distanciamento, frustração e outros ressentimentos.
6) Recorrer sempre a temas passados quando estão conversando, como se aquele assunto nunca tivesse fim (minha mãe usava o termo “desenterrando defuntos”), também pode gerar frustração e insatisfação, fazendo com que não haja desejo de dialogar.
7) A disputa para ver quem ‘ganha na conversa’ também gera uma comunicação desfavorável. A conversa é entre dois adultos, portanto, deve haver uma comunicação de resolução e entendimento e não de individualismo, onde o ‘eu’ rouba o espaço do ‘nós’.
8) Não priorizar o que é importante para o outro. Quando a conversa gira sempre em torno de ‘eu estou certo’ e ‘você está errado’, a comunicação do casal acaba sendo linear, ou seja, só vale a opinião de um dos lados. Isso gera ansiedade, baixa autoestima no outro, desvalorização do companheiro e a comunicação fica truncada. Valorizar o outro, ouvir a sua opinião e forma de pensar, deixar que fale e escutar o que ele está falando são fatores importantes para que o diálogo seja eficaz.
DESENVOLVENDO MEIOS PARA MELHORAR A COMUNICAÇÃO DO CASAL
a) Criem momentos em que possam estar só os dois e que não recebam interferência externa qualquer, onde possam desenvolver assuntos que necessitam ser conversados e resolvidos.
b) Aprendam a ouvir o outro. Isso é muito importante. Muitas vezes podemos começar uma conversa achando que temos toda a razão, no entanto, ao ouvirmos o outro podemos chegar a conclusões bem diferentes.
c) Programem um passeio a um local onde possam ter privacidade e estar longe de qualquer ‘ruído’ que possa trazer interferência. Aproveitem para relaxar, relembrar coisas boas da relação, momentos importantes e coisas marcantes que passaram juntos.
d) Filme com temáticas relacionais, sociais, conjugais podem ajudar muito a iniciar uma conversa que vocês não conseguem desenvolver. Escolham um momento em que possam ter condições de conversar após assistirem o filme juntos; falem o que sentiram e ouçam o que o outro está tentando dizer. Muitas vezes o cônjuge se sentirá bastante livre para expor seus sentimentos após ver um filme com a temática que escolheram, e precisará colocar seus sentimentos que muitas vezes poderá não ser tão compreendido pelo outro, mas ouçam sem julgamentos e tentem entender o que o outro está tentando expor. Essas conversas podem gerar bastante comoção, por isso estejam preparados para elas.
e) Às vezes uma viagem pode ajudar muito. Se os filhos forem pequenos, mas que possam ficar com os avós, façam isso e tirem alguns dias só para vocês. Passeiem, façam turismo, mas também tirem tempo para tocar em algumas feridas e limpá-las. Será muito bom voltarem renovados e curados ou em processo de cura.
f) Tirem tempo para fazer coisas juntos, como cozinhar, praticar um hobbie etc. Isso os aproximará e dará a vocês ferramentas importantes para a intimidade e boa comunicação do casal.
g) Um outro exercício para desenvolverem a comunicação é vocês terem um caderno individual em que vocês possam anotar algumas coisas referentes ao dia a dia de vocês: coisas que o outro fez e que você se sentiu atingido, palavras ferinas, atitudes indiferentes, mas também as coisas boas que aconteceram (um relacionamento também tem muitas coisas boas que às vezes deixamos de perceber por ver só o lado ruim). Escrevam todos os dias de forma bem resumida, e à noite, antes de se recolherem para dormir, tirem dez minutos somente para cada um ler e comentar o que o outro colocou no papel. Isso mesmo, vocês vão trocar os cadernos e ler o que o outro escreveu e dizer o que entenderam sobre as anotações ali escritas. Esse exercício chama-se 10:10. Ao todo serão vinte minutos cada dia. Não ultrapassem esse tempo: dez minutos para cada um. É muito importante que essa regra seja obedecida. Serão momentos rápidos que ajudarão vocês a não deixarem os problemas e mal-entendidos se avolumarem e deixarem ‘rabos’ na comunicação do casal.
CONCLUINDO
Enfim, a comunicação do casal não é algo fácil de entender e praticar. Ela exige treino, perseverança, paciência, empatia e amor.
É necessário tirar tempo para que ela aconteça. Passarem momentos juntos para se sentirem confortáveis e seguros um com o outro.
Muitas vezes será necessário tocar em feridas e limpá-las, mas também não pensem que comunicação, diálogo é só para coisas negativas e ruins. Uma comunicação eficiente se desenvolve em todas as situações da vida. E faz parte da vida tudo o que acontece ao nosso redor: conosco e com o outro.
Portanto, conversem sobre tudo: esporte, hobbies, trabalho, finanças, coisas da casa, educação dos filhos, sexualidade, sexo, sonhos, alegrias, tristezas, frustrações, enfim, coisas boas e coisas ruins, coisas importantes e coisas não tão importantes. Isso é comunicação.
Comuniquem-se para se conhecerem, serem amigos, parceiros, companheiros, amantes.
Comuniquem-se para serem um casal feliz e cheio de cumplicidade!
Um abraço.