Relacionamento com outros,  Relacionamento conjugal

A SEXUALIDADE DO CASAL

Não parece, mas esse é um assunto com muitos tabus, mesmo dentro do casamento.

Uma sexualidade saudável, não nasce só com o casamento, é preciso ser conquistada.

O ambiente em que vivemos, o período da infância, a maneira como os pais se relacionavam, a cultura, são todos fatores indicativos de como será a sexualidade do indivíduo.

O ambiente

Quando falamos de ambiente são todas as circunstâncias em que uma criança, adolescente ou adulto são expostos ao longo do seu aprendizado na vida: casa, creche, escola, trabalho, etc.

Cada ambiente fornece os meios de crescimento e influências em todos os âmbitos do desenvolvimento.

Por exemplo, se o ambiente da casa for de violência e desrespeito, a criança ou adolescente receberá as influências desse meio e o levará aos outros ambientes que frequentar, agindo como aprendeu em casa.

Lares onde a falta de respeito é praticada, onde a promiscuidade não é freada, comportamentos desvirtuados acontecerão com certeza.

Enfim, escolas liberais demais ou o oposto, lares repressivos ou o oposto, educação de rua, todos refletirão, de uma ou outra forma, os conceitos sobre a sexualidade que se desenvolverá na vida do indivíduo de acordo com a exposição a cada um desses ambientes.

Por outro lado, um lar onde os pais conversam com os filhos de forma aberta e responsável sobre a sexualidade, onde os filhos veem o respeito e amor dos pais um com o outro e com eles, frequentam ambientes em que se preserva a moral e os princípios, também refletirão em seus relacionamentos as influências recebidas.

Sim, o ambiente tem muito a ver com a forma de cada um ver e lidar com a sexualidade, a forma de ver o outro e lidar com as diferenças de cada indivíduo.

Relacionamento dos pais

Onde o respeito entre indivíduos é praticado, possivelmente haverá amor e reverberação dessas características.

Crianças que crescem observando o respeito, a prática de carinho e atenção entre os seus pais, serão adultos mais seguros e lidarão com sua sexualidade de forma mais serena.

Por outro lado, se a vivência é de violência, falta de respeito, de uma comunicação cheia de palavrões e ofensas, é muito provável que ela seja um adulto inseguro e tenha dificuldades de lidar com as complexidades sexuais na adolescência e fase adulta. E muitos repetirão o mesmo padrão em seus relacionamentos futuros tornando-se abusivos ou presas fáceis da violência doméstica.

Como os casais se relacionam não tem a ver só com eles, mas influenciarão outras gerações, desenvolvendo padrões de comportamento que poderão se perpetuar em suas futuras gerações.

Período da infância

Crianças deixadas sem carinho, atenção, a se desenvolverem praticamente sozinhas, aprendendo na rua os conceitos da moral decadente das gerações, onde não há princípios a serem seguidos vão refletir, em sua maneira de proceder, as mesmas regras e costumes vistos no seu dia a dia.

Crianças que crescem num meio violento e abusivo, se desenvolverão adultos violentos e abusivos, ou presas fáceis desses indivíduos.

Pais que terceirizam a educação dos filhos, deixando para a escola ou sociedade essa obrigação, estão beneficiando a ideia de um sistema educacional massivo e industrial, onde a educação é por escala, faltando a personalidade e a individualidade de cada um. Ou seja, pensam da mesma forma, agem da mesma forma, são da mesma forma. Serão jovens e adultos engessados, com uma opinião coletiva sobre a vida, os costumes e práticas.

Ao colocar filhos no mundo os pais devem se sentir preparados para assumir essa responsabilidade e ter consciência das suas obrigações na formação desses indivíduos como seres únicos, com suas opiniões e maneira de agir, e que influenciarão outros também.

A cultura

Esse é um fator muito importante e muito complexo também, porque se já nascemos inseridos em um contexto e convivemos com ele, incorporamos o que nos é oferecido de uma forma muito permeável e nem percebemos as situações que podem ser prejudiciais para a nossa formação como indivíduos.

Normalmente só percebemos o peso de uma determinada cultura em nossa formação, quando temos a oportunidade de conviver bem de perto com outra ou outras culturas.

Somos aquilo que contemplamos e essa é uma realidade quanto à cultura que estamos expostos.

Há culturas bastante rígidas em costumes e tradições, há outras demasiado liberais e permissivas, outras que buscam um equilíbrio, mas no meio de tantos conceitos a que são bombardeadas cada dia pelos pensadores, críticos, estudiosos, religiosos, etc, fica muito complicado encontrar esse equilíbrio.

Por isso, é muito importante termos diretrizes que possam nortear os pensamentos e atitudes, a fim de não perdermos princípios preciosos que indicarão caminhos mais precisos e seguros.

A cultura mapeia grupos de indivíduos que pensam e agem da mesma forma.

Um indivíduo pode morar em determinado país, mas exercer alguns costumes, tradições e até princípios que tenham a ver com seus ancestrais. Por exemplo, em nosso país (Brasil) temos muitas culturas de outros lugares que se mantém vivas através de indivíduos que as trouxeram, do contexto de onde vieram, e as passaram para as gerações seguintes a fim de não perderem o senso ou a identidade de sua origem, que é uma necessidade do ser humano de se sentir pertencente a um grupo, principalmente quando há diferenças físicas marcantes. Por exemplo, a cultura negra manteve muitos dos seus costumes na dança, crenças, músicas, a fim de não perderem as características de seus ancestrais e da sua origem. Mesmo mesclando com a cultura dos brancos, ela ainda assim, exerce a sua característica e os identifica além da cor. Assim também com os asiáticos e outras culturas.

Em suma, somos influenciados por muitos fatores no tocante a nossa sexualidade e influenciamos outros, portanto, temos grande parcela de responsabilidade nisso também.

O Ato Sexual

Vamos falar aqui sobre o ato sexual dentro do casamento somente.

Quando Deus criou o homem e a mulher, disse: “Sejam férteis e multipliquem-se!” (Gênesis 1:28 NVI) Para isso seria necessário o sexo.  As palavras anteriores, nesse mesmo verso bíblico são: “Deus os abençoou.” Portanto, essa foi a concepção de Deus desde o início, Ele abençoou a relação marital, Ele lhes disse para serem fecundos, Ele abençoou o sexo dentro do casamento.

No entanto, muitos casais esquecem de cultivar o amor no ato sexual e alguns agem como se aquele momento fosse para um somente. Atitudes e palavras carinhosas no dia a dia, o respeito mútuo, entender que há limites, compreender o outro, amar de fato, observar, conversar, ser atencioso – tudo deve ser levado em conta.

“Que os seus lábios me cubram de beijos!” Cantares 1:2

Eu me sinto feliz em seus braços, e os seus carinhos são doces para mim. Ele me levou ao ‘salão de festas’, e ali nós nos entregamos ao amor.” Cantares 2:3,4

Essas declarações estão na Bíblia. Elas fazem parte de uma coleção de poemas de duas pessoas que se amavam e dedicaram seus versos um ao outro.

A intimidade é inerente ao ser humano. Fomos criados para nos relacionar sexualmente e quando o fazemos de maneira saudável, com a pessoa que escolhemos para ser a companhia para a vida, encontraremos a felicidade.

Mas essa felicidade nem sempre é fácil de conquistar!

Os momentos de conhecer um ao outro, saber aquilo que gosta ou não nas atitudes do outro, a comunicação adequada, saber dizer não quando algo afeta, tudo faz parte de um desenvolvimento sexual saudável.

Por deixar passar coisas que magoam, ou por não falar como certas atitudes afetam, criam-se barreiras que impedirão a felicidade conjugal.

Muitos casais se ressentem de conversar e acabam sendo permissivos em coisas que os afetam emocionalmente, ou em certos princípios, e deixam de cultivar um relacionamento que seja feliz. Experiências desagradáveis no passado, a falta de informação correta sobre o assunto, a forma como foi educado e ensinado sobre a sexualidade, são indicativos de como será a vida sexual do casal.

A comunicação é o melhor caminho!

Não deixar que os problemas se avolumem é o mais eficiente!

Quando se deixa de falar, deixa-se também de comunicar e a comunicação faz parte da vida a dois. Uma comunicação saudável é quando ambos podem expressar seus sentimentos e ser entendidos pelo outro. E o perdão também faz parte dessa estratégia em busca de um bom relacionamento!

Saber falar, saber ouvir, escolher o momento adequado para expressar os sentimentos, não se deixar levar pelo impulso ou raiva, criar esses momentos de comunicação, tudo isso fará com que o casal encontre o caminho dessa intimidade prazerosa para ambos.

Isso mesmo: ambos.

Se o momento sexual do casal não traz prazer para os dois há algo a ser revisto!

Pornografia

Em suas diversas formas de apresentação ela é uma intrusa em muitos lares.

Muitos casais ou, apenas um dos parceiros, usa desse artifício para conseguir manter o interesse sexual no cônjuge, ou então, dão a desculpa de quererem apimentar os momentos íntimos.

No entanto, ela não deixa de ser um ato de infidelidade na relação.

Não são mais vocês dois, e sim três ou mais inseridos nesse momento de prazer que deveria ser somente de vocês.

Dentro de uma perspectiva bíblica é a quebra do sétimo mandamento da Lei de Deus e o afastamento de Deus da relação do casal.

A sexualidade é muito importante num relacionamento.

No entanto, a maneira como a encaramos é mais importante ainda.

Com a pornografia vem outras formas de prazer e com o tempo o casal vai necessitando de mais artifícios para os levarem ao orgasmo um com o outro, e no final o desinteresse pelo cônjuge é o que fica mais evidente.

Na maioria das vezes um dos cônjuges já vem com esse vício e tenta convencer o outro de fazer o mesmo, mas isso não é desculpa para ceder ao que será, em curto ou longo prazo, um destruidor do relacionamento.

O viciado em pornografia necessita de ajuda.

Ele também necessitará entender e ver o mal que esse vício ocasiona para si e no relacionamento conjugal.

O casal necessitará conversar muito a respeito e aceitar a ajuda um do outro, também de perdão e sinceridade.

 Uma forma diferente de encarar a sexualidade deve ter espaço na vida de ambos.

Sempre é possível recomeçar, fazer diferente, quando estamos dispostos a mudar realmente!

No entanto, muitos casais necessitarão de ajuda profissional, seja no relacionamento, seja de forma individual para vencer essas dificuldades.

Para isso, é muito importante que o casal se informe adequadamente sobre o profissional. Se a procura é por uma ajuda para sair dessa situação, de nada adiantará um profissional que aprove tais práticas.

Há também um site de ajuda que faz parte do ministério de Josh McDowell que é: Just 1 Click Away (ou Just One Click Away – ele oferece a opção em português) que poderá ser bastante útil para o casal começar a buscar informações.

O importante é que o casal reconheça a necessidade de mudanças e de trabalhar a relação para serem felizes e abençoados em seus momentos íntimos.

O sexo não deve ser pensado ou relacionado com algo impuro.

O casal pode convidar Deus para estar presente nesses momentos. Foi Ele quem os criou, que ativou essas sensações e órgãos que dão prazer ao ser humano e deseja que eles alcancem o que há de melhor e mais puro nessa relação. Por isso, reaprender, pensar no sexo como um momento de prazer e alegria para o casal, ‘curtirem’ isso a dois, serem felizes, é o maior desejo de Deus e, com certeza, Ele terá um imenso prazer em ajudar!

Problemas que trazem desconforto na relação sexual do casal
Na Mulher

O casal também necessita estar atento a situações que surgem por conta de algum problema físico.

Dor no momento do ato sexual, dificuldades de ereção, ejaculação precoce são alguns problemas que o casal pode enfrentar ao longo da relação e que necessitam ser valorizados e buscar ajuda para enfrentá-los.

A dor no momento da penetração pode estar relacionado a algo transitório e que pode ser tratado, como infecções, ou a alterações permanentes, que mesmo assim podem ser amenizadas, ou até solucionadas por meio de adaptações na forma de realizar o ato, no entanto para que isso seja possível a comunicação e o cuidado de um para com o outro são fundamentais.

Na mulher, a dor durante o ato sexual, chamada de dispareunia, tem várias causas. A infecção local, como a vaginite, ou infecção pélvica causando as anexites, precisam de tratamento medicamentoso específico. Além disso reações alérgicas a espumas e géis contraceptivos, endometriose, hemorroidas e fissuras anais, cicatrizes pós-parto, normal ou cesariana, preservativo ou diafragma colocados de forma inadequada, lubrificação insuficiente, e outras causas, como alterações da anatomia vaginal e pélvica.

Mas também é preciso considerar os fatores emocionais, causando o que se conhece como vaginismo, que é a contração involuntária dos músculos vaginais, dificultando a penetração e causando dor.

No entanto esses fatores não impedem uma vida sexual ativa e prazerosa, desde que tratados adequadamente por profissionais competentes, tanto na área da ginecologia, quanto na psicologia.

No entanto, em todas as causas, algumas dicas são interessantes, como:

  • Dar tempo um para o outro, fazendo crescer a parceria e a intimidade, enriquecendo o relacionamento.
  • Realizar de forma correta os tratamentos indicados pelo profissional.
  • Procurar entender o que sente, conhecendo seu próprio corpo.
  • Estar descansado física e emocionalmente.
  • Evitar ambientes agitados e estressantes para buscar um relacionamento sexual tranquilo.
  • Preparar-se mentalmente durante o dia.
  • Buscar uma alimentação leve.
  • Usar lubrificantes íntimos antes e durante o ato sexual.
  • Manter uma comunicação sincera, definindo antecipadamente com o parceiro limites, para que não haja mágoas nem desconforto.
  • Estar confiante durante as preliminares.

Não se esqueça que o relacionamento íntimo deve ser prazeroso para os dois. Não adianta aceitar o desconforto para dar prazer ao seu companheiro. Isso pode até funcionar por algum tempo, mas certamente irá causar sérios problemas no relacionamento no futuro.

No Homem

No homem também ocorrem fenômenos causadores de dispareunia, ou seja, dor durante a relação sexual, podendo ocorrer durante a ereção, a penetração ou durante/após a ejaculação. As causas podem ser várias, como infecções que podem afetar o trajeto urinário, a próstata, ou o próprio pênis; doenças penianas como a doença de Peyronie que é a formação de cicatrizes fibrosas nos corpos cavernosos do pênis, produzindo dor na ereção; fimose; freio curto; doenças sexualmente transmissíveis; hérnia inguinal; e outros. Além também de fatores psicológicos e farmacológicos.

A disfunção erétil e a ejaculação precoce são outros fatores masculinos que afetam intensamente a relação sexual do casal.

No primeiro caso, as causas podem ser emocionais ou físicas, porém muitas vezes há um comprometimento misto. Nas causas psicológicas podemos citar, entre outras, a baixa autoestima, insegurança, traumas psicológicos passados, depressão, problemas no relacionamento, problemas profissionais ou financeiros. Nas causas físicas encontramos diabetes, hipertensão, alterações circulatórias, alterações hormonais, efeitos colaterais de medicações, e outras.

Já a ejaculação precoce, definida como ejaculação ocorrida antes de um minuto após a penetração que acontece de forma repetida, está relacionada em geral a fatores emocionais como a insegurança, baixa autoestima, inexperiência sexual, ansiedade. Porém fatores físicos também podem estar envolvidos, como alterações tireoidianas, hormonais e infeciosos.

Um outro fator que devemos considerar, que pode afetar ambos os sexos, é a diminuição da libido. Os problemas no relacionamento, o stress, o cansaço físico, a depressão e a ansiedade são causas psicológicas importantes que devem ser consideradas. Como causas físicas frequentes, podemos citar alterações hormonais, dispareunias (já vimos acima) e efeitos de medicamentos.

Em qualquer dos casos, a comunicação do casal é fundamental para a solução, mas se não conseguirem, busquem ajuda profissional adequada.

Para todas as situações discutidas, geradoras de desconforto físico ou emocional no relacionamento íntimo, devemos considerar no tratamento a busca de hábitos saudáveis de vida, como atividade física, alimentação saudável, controle do stress, evitar substâncias nocivas, repouso, fé e outros. E se for necessário ajuda profissional, procure um urologista e/ou um psicólogo, considere também encontrar um profissional da medicina integrativa, de preferência fitoterápica, que é uma área da medicina que busca o tratamento do indivíduo como um todo, e da forma mais saudável e natural possível.

Há vários fatores a considerar quanto à sexualidade do casal e não podemos fechar os olhos a nenhum deles.

E acredito que a comunicação é um dos mais importantes, pois ela providenciará o caminho que o casal necessita para um relacionamento saudável e feliz.

Pode ser que tenham que percorrer uma longa jornada para chegarem a isso, mas não devem desistir diante das dificuldades, mas enfrentá-las com amor, paciência e compreensão.

Há boas leituras que poderão ser úteis no encontrar esse caminho e bons profissionais também.

O certo é que não devem deixar de buscar as respostas e lutar por uma vida sexual que lhes traga a intimidade e prazer tão esperada!

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